Tagarelice

Captura de Tela 2015-09-28 às 17.41.50

Filho amado,

Tua tagarelice me apaixona mais e mais a cada dia. E cada expressão que acompanha cada palavra/meia-palavra/sílaba é ainda mais linda. Aquele oi esticado no “o” quando apareces depois de te esconder, como quem diz: “Ooooi! Olha a surpresa! Estou aqui!”. O dodói que sai da tua boca com a testa franzida, num jeito de quem está sentindo verdadeiramente a dor e o “ai ai” com a mãozinha espalmada no machucado do outro, confortando e passando toda a fofura do mundo.

E as refeições, então, são uma festa: osso (adoras roer um ossinho), água, mamão, nana (banana), tata (batata), ovo, uma manga meio desajeitada, bolo, um morango pela metade, e – a palavra repetida com mais frequência – “mai”, pedindo mais comida.

Nas brincadeiras tem bola, ickei (Mickey), cao (carro), lego, pitá (pintar), tóia (história). E os bichinhos preferidos são o pipio (passarinho), quaquá (pato), bobota (borboleta), peix (peixe), hipopopo (hipopótamo), tataga (tartaruga), au au (cachorro), cocó (galinha). E quando queres descer de algum lugar alto, quando os pés não tocam no chão, lá vem o pedido de ajuda: mão, mão! E para enxergar algo mais alto: colo, colo!

E mais lindo ainda fica quando associas as músicas aos gestos. O caranguejo virou “peixéé” (da música que diz que caranguejo peixe é). Cada vez que ouves o “Hoppe, hoppe, Reiter” imitas o cavalo. A mão vai à cabeça quando toca “Mein Hut, der hat drei Ecken”. E neste fim de semana começaste a imitar o som das Bachianas de Villa Lobos.

Meu coração se derrete com tanta paixão pelo novo, pelo desconhecido, com tamanha vontade e o esforço em aprender, em se superar, em ir para o próximo passo, ir além. 

Deixe um comentário