Lobo da Estepe

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Otto, meu amor,

Venho te falar hoje sobre a dualidade, ou melhor, a multiplicidade da alma humana. É para te dar um alento quando estiveres passando por algum momento confuso, se te sentires perdido, emaranhado em emoções distintas, encruzilhado nos nós do destino. Em “O Lobo da Estepe”, o escritor alemão Hermann Hesse (que, a propósito, conheci tarde demais) fala dessa pluralidade que compõe o ser humano como “um feixe de eus”. Sim, guardamos em nós muitos “eus”. Uma hora terás consciência disso. Hesse diz que não há unidade, mas um mundo plural, um pequeno firmamento, um caos de formas, de matizes, de situações, de heranças e possibilidades. “O homem é um bulbo formado por cem folhas, um tecido urdido com muitos fios”.

Fausto achava que duas almas eram demais para um só peito. Talvez ele não tivesse consciência de que a verdade é que a alma humana é ainda mais complexa, vasta, multíplice. Não somos simples nem claramente definidos. Sinto te dizer, filho, mas não somos uniformes. Porém, é justamente isso que nos torna profundos, complexos, que faz com que não sejamos superficiais. Não temas essa pluralidade. Ela vai te deixar em dúvida sobre teus sentimentos e decisões algumas vezes, mas tenho certeza que o teu caráter e tua sensibilidade te guiarão pelos caminhos mais acertados. Estarás preparado para fazer as melhores escolhas e tomar as decisões mais oportunas e que te trarão uma vida feliz. Confia na tua sensibilidade. Acredita no teu coração. Tens todas as melhores possibilidades da vida. 

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